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  • A mesada e o planejamento de gastos

    Ao conversar sobre mesada com minha filha disse-lhe que na idade dela eu já trabalhava com carteira assinada e repassava todo o salário recebido para minha mãe. Ela me disse que essa frase já havia viralizado na internet.  Contei-lhe que muitos pais trabalhavam quando jovens porque não tiveram escolha. Trabalhar era uma necessidade familiar. Na atualidade, muitos adolescentes querem uma mesada, mas nem sempre fazem por merecer ou entendem o valor do dinheiro.

    Os tempos são outros. Muitos pais de classe média, que tiveram uma infância pobre, hoje podem proporcionar uma vida mais confortável para seus filhos, que têm como principal missão na vida a dedicação aos estudos.

    Mas isso não significa que as crianças não devam ajudar nas pequenas tarefas da casa, começando pela arrumação do próprio quarto. Se não educamos nossos filhos para que arrumem seu próprio quarto, corremos o risco de criarmos adultos que querem mudar o mundo, mas que não são capazes da arrumar sua própria bagunça.

    E quando falamos que as crianças devem ajudar em casa não estamos propondo o trabalho infantil, ainda muito comum no Brasil. Não é esse o país que queremos. As crianças devem estar nas escolas, preferencialmente em tempo integral e bem alimentadas. E se possível, em minha compreensão, aprendendo uma profissão que possam praticar ou não na vida adulta. 

    Em países mais desenvolvidos mais de 70% dos jovens participam de programas de educação profissional. No Brasil há programas como “Jovem Aprendiz”, onde os adolescentes podem compreender desde cedo a importância do trabalho, da disciplina e da responsabilidade. São competências essenciais para a vida adulta.

    Segundo diversos especialistas o recebimento de uma mesada pode ajudar as crianças e adolescentes a assumirem a responsabilidade pela guarda e bom uso do dinheiro. É melhor cometer erros nessa fase da vida do que quando se tornarem adultos, onde as consequências serão mais graves.

    Para muitos especialistas, a mesada é um poderoso instrumento de educação financeira quando bem mediada, pois possibilita à criança a capacidade de ordenar o orçamento, definir escolhas para o dinheiro e desenvolver um plano de poupança.

    Quanto mais cedo o contato com o dinheiro, melhor. Mas a mesada deve ser merecida. Os pais não são obrigados a dá-la. Trata-se de uma conveniência familiar.

    Há alguns anos conheci uma metodologia bem interessante para envolver as crianças nas atividades de organização da casa. Cada atividade realizada ou não realizada era computada em pontos positivos e negativos. Cada filho começava com uma mesada mensal de R$ 50,00. Mas esse valor poderia ser aumentado ou diminuído.

    Tabela 1- Mesada educacional.


    Deixar de fazer as tarefas escolares descontava R$ 5,00 do valor total. Essa forma de controle da mesada foi transformada em aplicativos que podem ser baixados no celular. 

    Também tenho experimentado contratar pequenos serviços como lavação e aspiração do carro. Atividades simples, mas que me ajudam. Quando meu filho quer um dinheiro extra, ele propõe a atividade.

    O valor da mesada também é objeto de muitas discussões. O importante é que os pais deem um valor que seja compatível com a realidade familiar. 

    Alguns pais não podem dar uma mesada a seus filhos e isso deve ser conversado de maneira franca. Não há uma regra que possa ser aplicada a todas as configurações familiares. Não são raras as histórias de jovens que começaram a fazer brigadeiros em casa para ajudar seus pais e obtenção de renda própria.

    Para saber mais assista ao vídeo e leia o texto em PDF.